quinta-feira, 24 de abril de 2014

encontro 46 - (vinícius, 24 de abril, quinta)

Estreia!!!!!!!!!!!!!!!
Frio na barriga, emoções a flor da pele, um processo denso, complicado, gerador de reflexões sobre o processo de recriação. O reflexo da dedicação materializado em formas e poesias....

"Essa cidade não é só um esboço, um rabisco, um desenho mal acabado... eu vejo eixos, quadras, blocos, eu vejo as flores coloridas da estação". De carne, osso e concreto.



quarta-feira, 23 de abril de 2014

encontro 45 - (tuti, 23 de abril, quarta-feira)

Festa.

Hoje apresentamos no jogo de cena. Muito legal nos perceber enquanto grupo. No camarim. Nos dez minutos antes de entrar. Na maquiagem. Na força de um olhar para o outro. Na concentração.

Ver o espetáculo existindo, de fato, pois existe a presença real do olhar de fora, é excitante!

Ficamos meses e meses criando, concebendo, ensaiando. Acreditando que precisamos de mais ensaio, mais aprimoramento. Parece que a coisa não anda. Tem que horas que precisamos mesmo é daquele agente catalizador de tudo: o público.

Amanhã é dia de estréia.




terça-feira, 22 de abril de 2014

encontro 44 - (tatiana, 22 de abril, terça)

Corações saltitantes e ansiosos pra estreia! É depois de amanhã, dia 24, no SESC Garagem.

Amanhã, quarta, apresentaremos uma das cenas do espetáculo no Jogo de Cena, na Caixa Cultural. Levar um pouquinho da criação na qual estivemos mergulhados por tanto tempo ao público vai ser ótimo para nos preparar pro dia de mostrar o todo. Pura empolgação.

Que possamos, na temporada, levar um pouco do encanto de Brasília pro palco. O encanto que transborda do céu, das árvores, do inesperado que brota do planejamento.

"Se eu navego no teu céu não sinto ausência do mar."


segunda-feira, 21 de abril de 2014

encontro 43 - (roberto dagô, 21 de abril, segunda)

Parabéns pra você
nesta data querida
muitas felicidades
muitos anos de vida!

Há 54 anos, no dia de hoje, era inaugurada a nossa Capital, esse nosso quadradinho de terra vermelha, nosso tantinho de cerrado com seu cobertor de concreto, nosso recorte de céu, nosso empoçamento de Paranoá!

Comemoramos a data na sala de ensaio, de 14h às 23h ajeitando, afinando, apertando aqui e ali... O espetáculo finalmente caminha e, antes mesmo de entrar em cena, já tenho meus olhos sempre cheios de lágrima. Também tenho um sorriso, de um candango que veio cheio de esperança "pra vender farinha, o arroz e o feijão"! Cheio do orgulho de acreditar, de ter fé, que tudo será diferente, que beberá desse leite e desse mel que jorra de sua função na nova Capital! E os olhos grandes de curiosidade, espanto, sonho, ficam cheios de sangue enquanto, varas a postos, o cerrado vai sendo aberto e rasgado pra dar lugar à nova cidade. A vara corta o ar em sua música afiada, abrindo espaço para todos os sonhos de milhares de brasileiros que contam sua história num repente simples, calejado, rachado, ressecado, suado.. "vou falar do meu orgulho de ver Brasília nascer"!
E o candango bem roto e sujo que se mistura ao pó do Planalto Central vira oficial quando a cidade ja tem seu esqueleto erguido, vira oficial bem composto, que abandonou já sua mala da terra natal, que abandonou seu chapéu de trato humilde, que abandonou sua vara, seu instrumento de trabalho pesado... agora resta a postura ereta, respeitosa, o peito cheio, orgulhoso, o olhar formal, mas ainda exultante de prosperidade e expectativa com o nascimento de Brasília! É 21 de abril e todos cantam o hino de Brasília como se marchassem em direção ao próprio futuro!
Mas o peito também sofre com o excesso de oxigênio, e, ao final do hino, já não há ar que chegue pra cantar a histeria de um sonho que, a cada verso, cai por terra em toda a sua fragilidade, craquelando sob o sol do marco zero... O sonho começa a azedar como o leite prometido por Dom Bosco... é tudo grande demais para os olhos pequenos do candango, cansado de abrir o máximo de olhar para guardar todo aquele mundo de promessa dentro de si mesmo... os passos andam vacilantes pra trás porque pra frente é cada vez mais difícil ir... corpos caem de cima dos prédios como se chovesse no chão seco de Brasília e essa imagem não se apaga mais... "mas eu vou ficar aqui".

sábado, 19 de abril de 2014

encontro 42 - (rafael, 19 de abril, sábado)

Mais um dia de ensaio já em reta final. Sábado, começando às 9h da manhã.
As pessoas que precisavam trabalhar algo de texto chegaram mais cedo e tiveram algum tempo com dedicação exclusiva da direção. O restante da trupe chegou por volta de 11h para aquecimento e uma passagem geral.
Tempo hábil de apenas uma passada. Tentativa de tirar dela o máximo que pudéssemos. Algumas coisas ainda desencontradas. O final recém marcado com posicionamento de cubos para formação final (samba) ainda não tinha sido bem assimilado e, por esse motivo, passamos por algumas paradas da direção que procurou organizar esses pequenos detalhes finais. Natural. Reta final. A comunicação às vezes falha mas a gente administra e com paciência e carinho chega-se a um lugar saudável e leve a todos.
Mãos dadas e confiança!
Ao final, cabeça reverberando uma série de episódios de ensaio. Dia de seguir para o descanso e digerir todas essas reverberações que acontecem dentro da cabeça. Domingo, um feriado/pausa para retornar com força na próxima segunda feira.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

encontro 41 - (pedro, 18 de abril, sexta)

Hoje, iniciamos como sempre com um alongamento individual depois em grupo, o último com a direção de Nara, depois fizemos um aquecimento vocal com a Julia e iniciamos os trabalhos. Passamos sem parar toda a peça quase em parar. Paramos algumas vezes pra ver detalhes coreográficos, principalmente na cena do Homem que contava os passos e na transição de cubos pra cena do Quadrado branco.
Em seguida, conversamos em roda. Adriana, Nara, Julia e Matheus deram alguns feedbacks em relação à passagem e fomos pra casa, descansar

quinta-feira, 17 de abril de 2014

encontro 40 - (marcinha, 17 de abril, quinta)



chegando na curva da reta final, se é que o fim existe despois do começo.
me lembro de quando eu assisti o espetáculo “de carne, osso e concreto” em 2007 na primeira versão. me lembro de ser tocada profundamente em conhecer brasília numa vivencia teatral, eu que não a conhecia fiquei surpresa com sua história. me lembro de ter falado depois de visto a peça que um dia ainda iria fazer aquela peça, eis que aqui estou. destino ou não, hoje me sinto mais brasília por morar aqui e fazer parte dessa peça.
desde 2007 pra cá minha percepção da cidade se modificou, antes eu era uma menina que saia de uma satélite em busca de sonhos que não me representam mais. hoje minha percepção da cidade vai além dos seus monumentos. minha cidade é branca, mas tem terra vermelha querendo cobrir sua assepsia.
depois de quatro meses de ensaios, repetições e de apropriações o trabalho ganha forma, e nessa arquitetura de corpos e movimentos colocamos nossa impressão, nossos sonhos, nossas vozes, nosso suor, nossa presença. de carne, osso e concreto é um espetáculo de presença, que cada instante é preciso estar atento para marcações. mas também é respiro, é dança, é encontro de baixo bloco. é sorriso quando olho pra tuti na marcha do hino de brasília. que bom poder subverter a retidão de brasília  por meio da arte.



sábado, 10 de março de 2012
no dia do despejo trabalhei no meu cotidiano repetitivo, funcional. enquanto tudo era retirado as pressas eu estava longe, bem longe, parada, estancada, sem fazer ideia. e tudo era jogado, espalhado onde dava, onde ainda cabia as tralhas que a gente acumula durante uma vida severina. e no fim do dia na volta pra casa, enrolado com o vento e a noite que escondia umas poucas estrelas, senti um vazio ainda mais agudo, ainda mais estridente. um vazio indigente.
eu estou cansada de bater ponto como a menina burguesa de classe média de carne osso e concreto. porque essa pobre de classe baixa, que sempre estudou em colégios públicos, passou na faculdade, nunca quis entrar para o serviço público de merda está cansada.
e toda razão é quebrada com a dura realidade, crua e nua a sua frente... veio aquele choro estancado a anos no corpo. o olho estranhou, estremeceu com a lágrima que não veio a meses...
vi todos os meus livros jogados... eu queria ressuscitar Jota Cristo e cobrar a promessa não cumprida... Brasília nunca meu coube...

hoje acordei com esses fleches de luz, seguindo um caminho ainda desconhecido. uma luz no fim no cu do mundo.

ausência do mar...

    "se eu navego no teu céu não sinto ausência do mar" (foto: Tatiana Bevilacqua)

terça-feira, 15 de abril de 2014

encontro 39 - (leandro, 15 de abril, terça)

O encontro de hoje foi voltado principalmente para a limpeza de coreografias. A maior dificuldade que o grupo vem enfrentando é justamente o "encaixar" no tempo..Percebo que esse trabalho de composição, unindo voz, músicas, atuação, texto, tudo de uma única vez, de fato, requer uma disciplina e insistência da parte do artista. Particularmente, eu nunca tinha trabalhado desta maneira, e percebo em mim, pelo menos uma nova porta criativa. Chegando a esta fase final do processo, é bem interessante também, perceber o desenvolvimento de cada um, no ato de cantar, e no ato de ser coreografado..Dificuldades sempre surgem ao longo do processo, mas é bem bacana perceber o crescimento que foi atingido individualmente. Essa experiência de processo proporciona também uma revisitação no ato de SER artista, quais são suas potencialidades, limitações e devaneios.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

encontro 38 - (daniela, 14 de abril, segunda)

Véspera de Feriado daqui a pouco. Páscoa emendando com Tiradentes.

Penso que a maioria do mundo iria preferir não trabalhar no feriado, mas faltam poucos dias para a estreia. Depois a temporada já passou e a gente mal viu o tempo passar.

Mesmo que o tempo esteja seco. frio. vago.... Queremos pintar esse lugar de azul.

Finalmente, vou poder dizer o meu texto, o ultimo texto.
Aquele adeus.
Aquele abraço.
Aquele cubo.

Passamos o espetáculo. Do início ao fim.
Do fim ao inicio.
No princípio, havia o céu e a terra.
E o homem viu que a terra era boa.

Desculpe os devaneios.

É que os processos são feitos de poesia, suor e lágrimas.

Carne, osso e concreto.


quinta-feira, 10 de abril de 2014

encontro 37 - (jessica, 10 de abril, quinta)

em um processo de criação sempre existem aqueles dias que a maioria dos envolvidos terá algum problema.

este dia aconteceu hoje.

12 integrantes no elenco.
5 ausentes - dentre os motivos: doença, batida de carro e colação de grau.

o jeito foi encontrar uma outra maneira de aproveitar o tempo, já que por ser um espetáculo que depende muito do coletivo coreograficamente, seria inviável trabalharmos em cima das cenas com este desfalque.

assim, cena por cena, foi sendo trabalhado a lapidação dos textos de cada um individualmente.

pra mim, a adriana é uma monstra (no bom sentido) na leitura dramática, então, achei ótima acompanhá-la dirigindo os outros e ter a chance de ter minha cena dirigida com mais calma também. eu pensei que eu fosse ter bem mais apontamentos do que aconteceu de fato. fiquei feliz.

"eu sou feita de linhas, concretos e carros...
pessoas, momentos e barro!".

<3

ps.: "qual a delicadeza da palavra delicadeza?"

terça-feira, 8 de abril de 2014

encontro 36 - (amanda, 08 de abril, terça)

Ensaio no Cruzeiro, muita chuva, e instabilidades na saúde do elenco.  A primeira parte do ensaio foi dedicada à lapidação dos textos, últimas cenas. Tuti e Marcinha trabalharam ‘Árvores do Cerrado’ que ficou uma delícia, todos em cima dos blocos numa composição visual bem concretista que contrasta com a delicadeza bucólica desse texto. 
Finalmente chegamos na voz da cidade ‘Todos Tinham Um Plano Pra Mim’, e a última música que faltava: ‘Ausência do Mar’. A melodia nos envolve em imagens sobre esse céu monumental de Brasília, e mais uma vez, a voz e movimentação do coletivo engrandecem a beleza da cena.


“Se eu navego no teu céu não sinto ausência do mar...”

segunda-feira, 7 de abril de 2014

encontro 35 - (vinícius, 07 de abril, segunda)

Na reta final do processo de recriação do "De carne, osso e concreto" me questiono sobre o quão rico e precioso pode ser recriar uma obra que faz uma ode à nossa cidade e o quão complicado e devastador pode ser repensar nosso conceitos prévios, ou já estabelecidos sobre o que pesquisamos e nos apropriamos. Vivo uma dicotomia cotidiana com a cidade, num misto de passividade e atividade plena sobre todas as arestas que Brasília apara. O cotidiano, o momentâneo, o dia permeado pela produção ativa, pelo tempo que não para e que passa num ritmo de metrópole descolada. A cidade não desafoga, a cidade continua, a cidade não perdoa, a cidade avança, a cidade devasta, a cidade permeia incógnitas do terceiro milênio.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

encontro 34 - (tuti, 03 de abril, quinta)

Sinto o espetáculo um pouco distante de mim. Estamos na reta final e esse é o momento de se envolver. Acredito no trabalho construído. Um tijolo, depois o outro.

Preciso me apaixonar.
Preciso me apaixonar.
Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.
Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.
Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.
Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.

Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.
Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.




Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.Preciso me apaixonar. Preciso me apaixonar.



Afetar, atravessar, imbuir.

Avante!

terça-feira, 1 de abril de 2014

encontro 33 - (tatiana, 1 de abril, terça)

Com a data da estreia se aproximando e com as dificuldades que estamos enfrentando, tudo parece mais difícil. Entretanto, já conseguimos agora visualizar o espetáculo como um todo, à medida que estamos montando as cenas finais.

Hoje o principal trabalho foi sobre a construção da transição entre a cena da música "o homem que passa" e o texto "quadrado branco". Foi concebido, por Julia Ferrari, Nara Faria, Diogo Vanelli e elenco, um ritmo percussivo na levada dos cubos das laterais para meio do palco. Despendemos bastante tempo nisto, uma vez que a precisão era imprescindível para o efeito sonoro desejado pela equipe.

A cada dia percebo mais a importância de uma concepção pessoal de sentido para as cenas. Por mais que as ações digam por si e que exista a criação de significados comuns, a composição de um percurso interno e individual me parece essencial para fortalecimento da presença cênica e aprimoramento do trabalho de interpretação.

Avante, mesmo com todos os desafios! A apresentação se aproxima...."O tempo tá passando."


segunda-feira, 31 de março de 2014

encontro 32 - (roberto dagô, 31 de março, segunda)


Extrema dificuldade no meu texto! Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!! Ainda o sinto como se eu mesmo fosse um ônibus, um Grande Circular, passando de parada em parada, estancado, travado... Com dificuldade de encontrar uma organicidade na história que ele conta, de uma simplicidade que não se harmoniza com a movimentação. Uma história leve e nostálgica, mas que traz cada vez mais um peso, uma amargura uma violência que se excedem em tom, em coloração. As mãos presas, a força necessária para libertar os braços e voar de verdade, o drama do corpo que escorre até o chão, personificando este outro que não é mais leve, é pesado, é sofrido... claro, como todo a mor tem a potência em si de ser... Mas ainda me sinto este ônibus lotado que não sai do lugar... É uma grande responsabilidade trazer tanta memória no que se diz em teatro! Me sinto privilegiado dentro do processo por essa oportunidade, mas está pesando sobre mim uma responsabilidade infinita de dizer bem aquilo que tenho que dizer, e de levantar com dignidade e maturidade as bandeiras que a cena levanta!
Apresentaremos pra escolas e pra adolescentes e sei da importância de se levar temas homoafetivos pra este tipo de público. Sei que não será fácil, mas desejo profundamente que o resultado de cada apresentação seja respeito e identificação com a história que vou contar!

"Este Grande Circular não pára de dar voltas na minha memória"

quinta-feira, 27 de março de 2014

encontro 31 - (rafa, 27 de março, quinta)

Dias puxados.
Viemos passando por diversas espécies de provação nos últimos encontros e isso tem refletido diretamente no trabalho. Desde as dificuldade próprias do ofício até as mais inesperadas, como a lesão da Eli que automaticamente a deixou afastada da parte física do espetáculo.
Os (re)arranjos escolhidos foram:
- A Roberta se propôs a substituir a presença física da Eli no palco;
- Eli estará junto mas contribuindo basicamente com a parte musical do espetáculo.
Estamos também cuidando de passar ao Diogo o corpo do espetáculo para que ele possa marcar a parte percussiva que nos acompanhará durante toda a execução de peça.
Hoje, sofremos com uma grande baixa durante o ensaio. A Claudinha do Cena nos deixou de surpresa e fez sua passagem. Isso fez com que muitas pessoas não fossem ao ensaio, por motivos óbvios. Outros ainda estavam mal de saúde e não puderam comparecer. A energia dos dias realmente não está das mais leves e tranquilas de se lidar. Parece que o universo tem nos pedido mais delicadeza e serenidade ao lidar com o próximo. Isso certamente fará com que as coisas fiquem mais suaves, prazerosas, com mais qualidade e melhor degustadas. Indigestão é algo desagradável.
Éramos aproximadamente seis pessoas e fizemos um ensaio leve e bastante produtivo. Foi possível passar todo o espetáculo levantado até o momentos e atender às demandas de aprendizado da Roberta e do Diogo. Ao final, investigamos mais livremente a caminhada cabisbaixa que faremos em diagonal durante "O homem que contava os passos..."
Tenho sentindo falta do espaço de diálogo pós ensaios e da abertura para ouvir o outro por mais que sua opinião não tenha qualquer convergência com a de quem escuta.
Pé no chão, coerência de discurso, serenidade na cabeça e coração leve pra seguir adiante! Exercitemos! Tenhamos real diálogo!

terça-feira, 25 de março de 2014

encontro 30 - (pedro, 25 de março, terça)

Fizemos um alongamento e aquecimento corporal e oral coletivamente com Nara e Julia. Em seguida iniciamos a feitura da coreografia do Homem que contava os passos.
Dagô sai do encontro com Vini, todxs estão sentadxs ao lado de seus respectivos cubos. à medida que a música começa (Eu e Tati cantamos) xs outrxs vão caminhando em uma diagonal, 5 passos pra trás e 5 pra frente, ao fim da letra da música, os passos diminuem 3 pra trás e 3 pra frente. Treinamos os passos fora da diagonal, pra tentar acerta-los com o violão e depois repasamos a musica+coreografia.

segunda-feira, 24 de março de 2014

encontro 29 - (marcia regina, 24 de março, segunda)

Falta tão pouco para chegar o dia de encontrar com o público, que agora as escolhas são mais assertivas. Infelizmente, não temos mais aquele tempo precioso dos devaneios que tanto acrescentam no processo. Agora é hora de afinar os detalhes finais do trabalho, que até agora tem uns 45 minutos de espetáculo construído, porém, falta trabalhar o final do espetáculo. Esse momento derradeiro dos detalhes está sendo extremamente importante para que o trabalho esteja coeso com aquilo que ele se propôs.

Um episódio triste no percurso essa semana fez a direção tomar outros rumos. A Eli Moura, uma das integrantes do elenco, fraturou o pé durante a passagem do espetáculo, o que acarretou a diretora inserir a Roberta Melo, assistência de direção, no lugar da Eli a um mês da estréia. Desde segunda-feira estamos dedicando os ensaios para inserir a Roberta, e também, para finalizar as marcações de coreografia e músicas.


Nessa reta final estamos passando o espetáculo todos os dias nos ensaios, tentado afinar e se apropriar ainda mais do trabalho, procurando repetir não no sentindo de fixação do passado, mas repetir como possibilidade de apropriar e somar com o novo que possa surgir durante experimentação.   

Sigamos o rio. 

quinta-feira, 20 de março de 2014

encontro 28 - (lele, 20 de março, quinta)

                

Foto: estrela de Laban.

Optei por utilizar a famosa estrela labaniana para exemplificar o que tem sido nossos ensaios.
A cada passada que realizamos do espetáculo, as dificuldades aumentam, não pela falta de atenção, mas pelo próprio ofício do artista de aprofundar-se nessa poética, e dela extrair aquilo que tem de mais necessário e fundamental para a cena. O trabalho de colagem, da dramaturgia não linear exige do criador as suas conexões pessoais, caso contrário, cai num mero reprodutor de cenas, sem conexão, sem entrega e sem afetos. Afetar é afetar-se também. Com o passar dos ensaios as exigências agora tornam-se intenções minuciosas, não de um, mas de todos, separados, juntos, individuais e coletivos.
1) Relacionamento: Como trabalhar essa dramaturgia, relacionando-a com o presente, com esses corpos e intenções?
2) Corpo: Que corpo é esse que utilizo em cena?
3) Ação: Como transformar essa dramaturgia, esse texto performático em ato cênico?
4) Espaço: Como criar esse espaço fictício e verossímil?
5) Dinâmica: Como costurar uma história sem começo, meio e fim?

                                  
continuemos
em
p  r  o  c  e  s  s  o...

terça-feira, 18 de março de 2014

encontro 27 - (jessica, 18 de março, terça)

Segundo dia no novo espaço de ensaio do Cruzeiro.

Primeiro dia com os blocos brancos do cenário. E surpresa: grandes, médios, pequenos. Eu jurava que seria tudo de um tamanho só.

O clima frio tem sido um inimigo para o entusiasmo com o trabalho prático na cerâmica gelada do espaço. E momentos antes no recolhimento do carro, encarando o trânsito com gotículas escorrendo pelas janelas e as luzes dos outros veículos apressados para chegarem em casa... "Horário apertado, disputa de carros nas pistas..." Lembro de ter chegado e me posicionado para o alongamento ao redor dos blocos - assim eles me protegeriam da friaca e me dariam algum aconchego.

Agasalho. Agasalho. Agasalho. Não deveria esquecer disto, mas eu acabo abusando dos shortinhos confortáveis. Bah! Pelo menos eu lembrei e vim de tênis como a Dinha pediu, yupi! :)

Hoje a noite acabou sendo muito focada na cena do Grande Circular do Roberto e do Vinícius. Fiquei feliz de participar mais ativamente dela logo no início pela necessidade de cruzar o espaço para encontrar com a Marcia Regina. Som do grande circular: olho para o Vini. Levanto. "(...) Museu da República": ando em direção ao Vini. "(...) só pra me impressionar": olho para a Marcia e corro em direção a ela. O simples ganhando mais uma vez na resolução de um problema que tínhamos.

Ao final, uma tentativa mais rapidinha pelo pouco tempo de fazermos a movimentação em diagonal referente a música do Pedro e da Tati que, by the way, é linda. Lembro do dia que eu, Roberto e Marcia ficamos aqui decorando-a na sala durante a tarde. Gostosíssima de cantar, de sentir. Considero que a cena conquistou um clima muito bom com o movimento coletivo de passadas lentas que vão e voltam. O importante é se concentrar e entrar no fluxo porque quando dá certo, é lindo, mas quando não acontece... desastroso de triste. A palavra-chave é estar, de fato, no presente. Não tenho que adivinhar para onde o colega vai, o quanto vai, como vai... Só tenho que olhar, olhar, olhar, olhar e espelhar. Acalmar a ansiedade - inimiga mór desta vidinha que vos escreve.

E vaaaamo que vaaaaamo!

=)

segunda-feira, 17 de março de 2014

encontro 26 - (daniela, 17 de março, segunda)

Novo Espaço.

Agora estamos no Cruzeiro Velho.
Ao lado da Capoeira, do Samba, da Biblioteca.
Casas, muitas casas. Outra Brasília. 
Essa Brasília que é Distrito Federal.

Hoje veio o Marcelo.
Nossa luz. Passamos a peça até agora.
Profecia, Baião, Rafa, Repente,
Hino, Tati, João, Cruzes, Eli,
Ratata, Saudades da Tuti,
Mais Ratata, Fecha quadrado,
Abre a roda, a infância,
Oxi
Carai
Vei
Eli, de novo. 
Mas dessa vez, chove lá fora e aqui dentro....
O tempo....
................está....
..................passando.

Mas tá tudo bem, o Mateus canta, a Julia canta, nós cantamos.

quinta-feira, 13 de março de 2014

encontro 25 - (amanda, 13 de março, quinta)

Cenas novas!
É bom sentir que estamos caminhando e que as dificuldades dos primeiros momentos estão sendo superadas. Os desafios antigos continuam mas o corpo já se atenta mais e as emoções são tecidas com mais cuidado.
Hoje fizemos uma passagem até o ponto onde já temos. A Adriana nos propôs uma composição junto ao texto da Eli, com uma grande papelada e ofícios que são abandonados de nossas malas pouco a pouco até que o chão é inundado pela frieza dos papéis.
A nova movimentação remete a um funcionalismo pragmático que desumaniza o corpo e nos mantém como engrenagens de uma grande máquina. Junto a isso, agregamos a nova versão musical de 'O Tempo Tá Passando' criada pela Júlia Ferrari, imbuída de várias texturas e camadas sonoras, com ritmos maquinais e desenhos melódicos.
Foi um ensaio sem pausas, que nos exigiu muita concentração, muitas repetições e justaposições de ações.
Mas no fim, saímos com a sensação de que o início de uma nova missão havia sido cumprida!

terça-feira, 11 de março de 2014

encontro 24 - (vinícius, 11 de março, terça)

Hoje um martelo não para de bater na minha cabeça, principalmente após um ensaio importante de discussão no meio do processo criativo:  o espaço público urbano e seus desafios contemporâneos. Na cidade de carne, osso, concreto e azulejos, o que queremos em suas projeções? A cidade se rende a impetuosidade metrópole, se inclina para o caos no transito, se esforça para superar as crises da densidade demográfica, encontra o desafio de se manter patrimônio histórico. A capital da esperança ameaça se deitar, se projeta para o futuro e se apega a um insólito passado.

É por isso que em Brasília não há onde esbarrar. Os brasiliários vestiam-se de ouro branco. A raça se extinguiu porque nasciam poucos filhos. Quanto mais belos os brasiliários, mais cegos e mais puros e mais faiscantes, e menos filhos. Não havia em nome de que morrer. Milênios depois foi descoberta por um bando de foragidos que em nenhum outro lugar seriam recebidos; eles nada tinham a perder. Ali acenderam fogo, armaram tendas, pouco a pouco escavando as areias que soterravam a cidade. Esses eram homens e mulheres menores e morenos, de olhos esquivos e inquietos, e que, por serem fugitivos e desesperados, tinham em nome de que viver e morrer. Eles habitaram as casas em ruínas, multiplicaram-se, constituindo uma raça humana muito contemplativa.
                                                                                                                                                                               Clarice Lispector

segunda-feira, 10 de março de 2014

encontro 23 - (tuti, 10 de março, segunda)

O PROCESSO

                                 CARNE
                                 OSSO
                                 CONCRETO




É realmente

CONCRETO

duro?



Temos um trabalho quase militar de coro. Sobretudo na primeira parte do espetáculo. O que é um aprendizado sem fim, uma vez que não estou muito acostumada com esse tipo de treinamento. Sinto alegria em poder percorrer outros caminhos.

Mas não posso esconder a minha felicidade quando nos voltamos para o texto e miudezas. Gosto muito quando o ensaio toma um rumo diferente do que costuma ser. Gosto dos improvisos e imprevistos bem aproveitados!

 


quinta-feira, 6 de março de 2014

encontro 22 - (tatiana, 06 de março, quinta)


Hoje nosso encontro se direcionou para o trabalho sobre textos que estão sendo inseridos na dramaturgia do espetáculo, bem como sobre a criação de arranjos de vozes para duas músicas: "Pétalas aflitas" e "O homem que passa".

Continuamos com o costume de sempre repassar tudo o que temos, para não perdermos o que já foi construído. Mas a criação de novos materiais também se faz imprescindível, obviamente. Assim, o ensaio de hoje correu mais na direção da criação que de lapidação de cena.

As duas canções trabalhadas hoje não serão cantadas por todo o elenco, como a maioria da parte inicial do espetáculo. Desta forma foi possível que Adriana Lodi direcionasse os trabalhos sobre os textos simultaneamente ao trabalho com a música, que foi guiado por Júlia Ferrari.

Caminhando nas ruas de Brasília é que absorvo a energia pra trabalhar. Me inspiro e daí transpiro.








quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

encontro 21 - (roberto dagô, 27 de fevereiro, quinta)

Desde o último ensaio, focado na questão musical, percebo como meus ouvidos têm se aberto a escutar melhor, como minha garganta tem se aberto a musicar melhor... Estou, a cada ensaio, mais cantado, mais en-musicado, mais ritmado, mais afi(n)ado... É tão maravilhoso perceber estes degraus ascendentes e contar com a ajuda de profissionais tão competentes!
Com o repertório musical do espetáculo aumentando, a dramaturgia vai se desenhando melhor. A cada momento que passa, fica mais nítido o mundo que estamos tentando trazer à cena! Esses dias vi uma imagem que me emocionou. Desde então tenho trazido ela à memória, estampado ela nas minhas pálpebras em exercício de concentração, tenho tentado carregar esta imagem comigo para entrar no espetáculo.
A imagem falava simplesmente sobre esperança, uma família sob o sol do cerrado, olhando para a imensidão de uma Brasilia sendo levantada. Faz sol, no entanto a chuva sempre cai. É seca, no entanto a chuva sempre cai. "É uma história triste, mas bonita de lembrar" e "é de sol e chuva que se faz uma saudade".

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

encontro 20 - (rafael toscano, 25 de fevereiro, terça)

Dia musical!
Ensaio na presença de Adriana, Roberta, Julia e Mateus. Eli não estava presente por estar, nas palavras dela, "gripadildis".
Passamos praticamente todo o tempo de trabalho sob a batuta de Mateus e Julia.
Primeiramente, alongamentos e ativações corporais por conta de cada um, individualmente. Simultaneamente cantarolamos as músicas que pretendíamos levantar com o ensaio do dia. "O homem que passa", "Oxe, carai, véi" e "A rua da minha vida".
Começamos o trabalho vocal com um aquecimento puxado pela Julia e em seguida já entramos em rápida (re)visita ao "Acordai" e suas diversas vozes que tanto nos tem exigido ouvidos.
Pela demanda do dia, logo passamos aos trabalhos em cima da "Oxe, carai, véi". Música levantada com novidades em arranjo e vozes. Divertido e bem curtido.
"O homem que passa" será trabalhado para ser cantado por Tati e Pedro, apenas. Agendou-se encontro fora do horário de ensaio para que eles sejam dirigidos musicalmente nessa empreitada. Falou-se em compor a cena com o elenco no movimento dos abraços que temos experimentado em sala de ensaio sob a batuta da Nara.
"A rua da minha vida" também foi levantada com nova proposta de ser menos sisuda e mais "pra cima". Chegamos a um tom que sinto, carinhosamente, ser algo como "música baiana da boa". Presságios de carnaval! Algumas vozes diferentes para homens e mulheres e bons sorrisos no rosto pra celebrar nossa cidade.
Para arrematar o ensaio gravamos o som e imagem de todas as músicas já levantadas do espetáculo. Servirá de registro para todos nós.
Por fim, lembretes e mais lembretes de estudo antes de cada ensaio para que o trabalho não pare de caminhar.
Avante!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

encontro 19 - (pedro mesquita, 24 de fevereiro, segunda)

Ontem, quase ficamos sem sala por causa da manutenção dos pisos. Mas quando achamos que não tinha mais onde ensaiar, encontramos o Claudio, funcionário responsável pela limpeza das salas, que nos disse que era sim possível usar a nossa querida BSS-59.
Iniciamos os trabalhos com alongamento individual como de costumes, aquecemos as vozes com Julia e começamos a ensaiar. Passamos todas as cenas que temos levantadas em sequência com alguns erros, ligeiramente desafinadxs em algumas músicas e bem desafinadxs no "acordai".
E seguida, trabalhamos uma nova transição: o punk rock, entre o 'AI5' e o 'Splash'. Conseguimos levantar a cena inteira com ajuda da Adriana e da Nara nas coreografias. Em seguida, ouvimos o texto do Dagô que entrará no lugar do 'Grande circular' e exercitamos os abraços que irão compor essa cena. Além disso, retrabalhamos o 'Acordai', todas as linhas vocais juntas e depois uma por uma.

o nome da cidade


Ôôôôôôô ê boi! ê bus!
Onde será que isso começa
A correnteza sem paragem
O viajar de uma viagem
A outra viagem que não cessa
Cheguei ao nome da cidade
Não à cidade mesma, espessa
Rio que não é rio: imagens
Essa cidade me atravessa
Ôôôôôôô ê boi! ê bus!
Será que tudo me interessa?
Cada coisa é demais e tantas
Quais eram minhas esperanças?
O que é ameaça e o que é promessa?
Ruas voando sobre ruas
Letras demais, tudo mentindo
O Redentor, que horror! Que lindo!
Meninos maus, mulheres nuas
Ôôôôôôô ê boi! ê bus!
A gente chega sem chegar
Não há meada, é só o fio
Será que pra meu próprio rio
Este rio é mais mar que o mar?
Ôôôôôôô ê boi! ê bus!
Sertão, sertão! ê mar!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

encontro 18 - (marcia regina, 20 de fevereiro, quinta)

foto por Welder Rodrigues

Ensaios, ensaios, ensaios, três dias na semana. Apenas três! Só de pensar nisso me dar um desespero de capricorniana... tão poucos ensaios quando se precisa de mais tempo para maturar as descobertas e adensar as experiências do processo.  Mas nesse ínterim do tempo à gente se desapega e acredita nas potências que cada um pode dedicar ao trabalho.
Nessa quinta-feira passamos os vinte e poucos minutos do espetáculo até aqui levantado, alguns desacertos que fazem parte, mas no geral eu tive uma sensação boa da passagem, principalmente de uma concentração do coletivo.
Do início, “Não se espante minha gente”, onde o coro de candangos abre as portas para mostrar uma Brasília de alegria, mas também de tristezas, iniciamos a passagem, até chegar à ditadura, onde o trator da opressão destrói(uiu) os que na base de muito suor construíram essa cidade vermelha, de carne, osso e concreto.
O “Ra ta tá” a cada dia ganha mais um degrau no acerto, se é que existe um acerto certo... Percebemos que nos dias que estamos mais conectados (o grupo), as cenas acontecem. E essa conexão dos atores é primordial, já que o espetáculo é feito de um coro, que também como os candangos precisam empenhar muita energia pra erguer a construção.
Depois de ensaiar já com a perspectiva de intenção de uma apresentação, o ensaio pela primeira vez foi mais focado no trabalho de texto. E foi precioso ver os textos, ainda que precise de trabalho sobre eles. Cada texto com sua textura e símbolos, metáforas, sensações e cores preenchido pelos atores foi ganhando vida... ver um mesmo texto na boca de mais de um pessoa, trouxe uma diversidade de possibilidades de atuação. É rico perceber que qualquer um que pegar um texto para defender vai mostrar sua essência em cena. E é lindo perceber as diferenças dos atores, cada um com seu trabalho potente para contribuir.
Alguns textos já estão definidos, mais ainda faltam algumas escolhas para serem tomadas, e até a estreia muitas aventuras poderão nos chegar, e que assim seja, um risco no abismo.   Que seja doce o processo, que seja feito com amor e com dedicação em cada instâneo de compartilhamento. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

encontro 17 - (leandro, 18 de fevereiro, terça)

REpetição, REPETIção, repeti-AÇÃO

A árdua tarefa do ator em repetir sem mecanizar, repetir sem perder a organicidade, repetir para aprimorar, repetir, repetir repetir.. E quando o cansaço mental interfere diretamente na execução? A repetição ainda continua a valer a pena? Me questionei muito isso hoje. Não significa estar com preguiça, de forma alguma, mas chega um momento que são tantas informações, tantos acessos, que parece que o cérebro não acompanha o comando.Por mais que você tente, se esforce em se concentrar, em "acertar", parece que o corpo entra numa zona de estresse na qual tudo fica lento, fica desconectado. Repetimos muitas vezes uma das cenas, e em determinado momento as vozes não significavam mais nada, como se o comando não chegasse, e isso não era culpa da condução da direção, da coreógrafa ou do próprio grupo, e sim do ator que escreve sobre o dia de hoje! Como se o corpo precisasse de um tempo para acomodar todo aquele conteúdo, toda aquela experiência, todo aquele estado trabalhado naquele dia. Confesso que os ensaios pedem uma demanda física, mas também muito mental, e as vezes, esse mental é muito mais desgastante. Não é apenas repetir, mas é trazer ao corpo aquela experiência de fato.


Continuemos..antes de tudo, a ter prazer pelo trabalho..

RepetIR

Estamos em linha reta?

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

encontro 16 - (jessica, 17 de fevereiro, segunda)

Tivemos nosso alongamento inicial de 15 minutos. Em homenagem a Nara que estou com saudades, meu desejo no alongamento era fazer as 100 abdominais coletivas e yupi! Conseguimos :)

O encontro de hoje se estendeu bastante na aprendizagem da canção "Acordai" que é de um arranjo primoroso. Ter a orientação da dupla dos irmãos Ferrari é um privilégio que me anima bastante. A meu ver, um dos aspectos mais interessantes da condução é observar e ter uma imensa curiosidade sobre o modo como os dois conseguem ter uma escuta "fragmentada" (eu diria) que dê conta das nuâncias de cada conjunto de vozes. É especial! Eu fico em devaneios a respeito da diferença de modus operandi de cada ser humano, pois eu sei que minha relação com o mundo sonoro é fraco. Acabo ficando aliviada de ser uma soprano por ser a voz que "impera" em relação as outras - que além de deixar mais fácil é uma delícia infinita cantar naqueles agudos.


Passamos tudo que já temos até agora do início até o AI-5. Eu me sinto cada dia mais confortável - o que não significa deixar no automático, assim espero. Procuro ficar atenta a isto!

Dani e Eli comentaram a nova proposta de encenação delas contando com a interação do público no momento das cartas - o que me pareceu uma boa idéia.

Ah, Welder apareceu para tirar fotos de todos nós e produzir as imagens de perfis que serão colocadas nas redes sociais na semana de estréia.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

encontro 15 - (eli, 13 de fevereiro, quinta)

Significar e Ressignificar







Eu sinto uma necessidade absurda de dar significados as coisas que me rodeiam. Um abraço que durou um segundo a menos, um sorriso com um olhar vindo debaixo, um afago amigo, uma nova conversa, uma construção de um edifício, um local em uma cidade, um andar, uma acelerada de carro, as luzes de um shopping, uma roupa de trabalho, um beijo no rosto, uma abordagem, um aperto de mão, distribuição de móveis em uma casa... tudo possui um significado particular, único e circunstancial.  A beleza do tempo é que cada coisa a partir de uma referência ou circunstância pode tomar outro significado e assim inimigos se tornam amigos, desconhecidos se tornam amantes e fantasmas do passado se tornam presentes.


Kazuo Okubo ressignificando o Lago Paranoá

O processo chegou em um momento em que significados são necessários. Já computamos 20 minutos de espetáculo, totalizando 7 cenas erguidas, mas ao mesmo tempo nos encontramos em um local nebuloso de intenções. Essa peça possui uma linha dorsal muito delicada, onde se cada vértebra não for alinhada de forma adequada, a coluna quebra. Claro que cada vértebra vai possuir um tamanho diferente, mas a coluna precisa desse alinhamento para que o espetáculo sobreviva em pé. Trabalhamos muito sobre formas e formatos e é nesse momento que agora falamos sobre o que impulsiona a forma. O que nos faz marchar em um hino, ou desbravar um capim alto, ou chegar em um lugar novo cheio de possibilidades?  O que nos move, para que a forma se tome?

       
                                       
"Na inconstância da forma das águas, os corpos se formam em calma e balance."

Acho que finalizamos o ensaio conseguindo enxergar melhor os fios condutores que estabelecem as formas do coletivo. Desde o homem que chega cheio de esperança para erguer uma cidade, ao desbravamento do solo vazio, ao militar que vibra a inauguração da cidade, aos Joãos que caem diariamente de andaimes para construir o sonho da cidade, aos conterrâneos velhos de guerra que levantam de seus covais. E mesmo concebendo pequenos guias em nossas cabeças, sabemos que amanhã é um novo dia e milhares de novos significados surgirão em cada detalhe.





terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

encontro 14 - (daniela, 11 de fevereiro, terça)

Hoje foi o primeiro dia da Júlia.

Júlia melodia, harmonia, semínima, Ferrari.
Colocamos toda a nossa voz para fora.
Jogando uma bomba na cabeça indesejada.
Exerícios de cantar, alcançar, estar juntos.
Fazer uma roda, dar as mãos, abaixar e levantar.

Testar os limites.

A cada presença nova, uma força.
Sei que todos juntos farão o espetáculo chegar
em algum lugar de terras nunca antes vistas.

Será uma riqueza inconcebível.





segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

encontro 13 (amanda, 10 de fevereiro, segunda)


Hoje fomos conduzidos primeiramente pelo Mateus que propôs exercícios que estimulam a percepção musical no corpo, principalmente em relação a métrica rítmica refletida em passos e palmas. Era preciso estar atento ao contratempo do andamento, marcá-lo, e ao mesmo tempo percorrer a sala preenchendo sempre os espaços vazios.
Em seguida, enfileirados, deveríamos atravessar a sala de ensaio, juntos e numa reta perfeitamente alinhada, em 32 tempos, depois em 16, em 12, em 8, e em 4. Era preciso de uma escuta apurada ao movimento do grupo e  uma avaliação sensível da distribuição dos passos no espaço. Para complicar um pouco, o Mateus demandou que trouxéssemos energias diferentes para essa caminhada, como por exemplo caminhar como soldados, como velhos, como crianças, como zumbis, etc...
Após o treinamento do Mateus tivemos uma preparação corporal com a Nara, mais uma vez desafiando nossos limites e vencendo pouco a pouco nossas barreiras em grupo.
Enfim, estávamos prontificados para trabalharmos nas cenas! Passamos então todas as cenas musicais que já temos até agora: o Baião, o Repente, o Hino, o João!



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

encontro 12 - (leandro, 06 de fevereiro, quinta)

A obra revisitada
O processo de revisitação da obra sempre interessou bastante. Ao perceber a obra a partir de um novo elenco, de uma nova formação, em um novo contexto histórico ( Antropologicamente ou Stanislavskamente falando)  e ampliar essas novas instâncias, a meu ver, traz uma maturidade em relação aquelo que havia sido criado anteriormente. A própria repetição diária das cenas, das músicas, das intenções dos atores-criadores e equipe de direção permite um entendimento cada vez maior da sua FUNÇÃO dentro deste trabalho/espetáculo. A cada ensaio fica clara a definição de que DE CARNE, OSSO E CONCRETO, não é um espetáculo de monólogos, solilóquios ou solos, mas uma grande máquina que precisa estar lubrificada e equilibrada para se fazer funcionar. Destaque aqui é o grupo, o coro, o peso que o coletivo permite destacar..Cidade não é feita de um único prédio, e sim de um conjunto bem elaborado de residências, ruas, vias e sociedade. 
O ensaio de hoje consistiu em repassar as cenas já criadas anteriormente, buscando cada vez mais a limpeza, a organização e definição de texto, música e movimento.


Dentro deste espaço, 
livre,
                                              amplo,
branco,                                                                                                                                         de espaço,                                                         uma frase ficou ecoando dentro de mim...



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"esvazia..esvazia..esvazia ....
para recomeçar..."(frase de Adriana Lodi)




terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

encontro 11 - (vini, 04 de fevereiro, terça)

Temos trabalhado as cenas coletivas, coreografadas, difíceis de sustentar enquanto coletivo e isso tem me provocado e despertado para a importância de sustentar o primor pelos pilares da consciência coletiva.
Quando participei da montagem original do "De carne, osso e concreto", me deparei com um espetáculo sensível, bonito e de uma provocação sobre o que significa morar em Brasília, carregada de expectativa, qualificações e projeções, que não me deixava sossegar. Uma cidade que aprendi a amar e a olhar com olhos de bem querer.

Então, em processo evolutivo, já temos as cenas: João, Hino de Brasília, Repente e estamos finalizando o Baião.
Hoje, dia 04, começamos a trabalhar a coreografia e a música do RATATÁ. Encaixa o quadril, barriga pra dentro, costas abertas, apoia no diafragma, respira, e vai!


                                                                 É feita de sangue e sonho
                                                                                       É feita de pó e vento
                                                                                       É feita de carne e osso
                                                                                       De concreto, e de cimento

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

encontro 10 - (tuti, 03 de fevereiro, segunda)

Esperei o meu dia de postagem para enfim colocar no "papel virtual" coisas que rascunhei no meu primeiro -segundo de vocês- dia de ensaio:

Estou grávida de Brasília. Há anos gero essa cidade em formação. Cuido para que dentro de mim habite bonita e limpa. Meus crimes mais cruéis nadam em minhas águas dentro de blocos de gelo. Caso derretam, não grudam. Apesar de seca me mantenho água para que Brasília não morra em mim.


Hoje: ensaio-água-maleducado

Estivemos dispersos, pero no mucho. Pero mucho, y que? Conversamos ter sido interessante a leveza. Começamos com um aquecimento vocal: vocalização, afinação, dicção.

Caminhando pela sala em 4 tempos: 1, 2, 3 e 4. Pessoas de calça preta irão bater palma no tempo entre 3 e 4. E assim por diante.

Todos colados na parede. Hoje, duas fileiras. De lá para cá em 16 tempos, 32... 12 (gostamos mais do 12).

Aquecimento coelhinho Nara, porque Barozzi e Roustang iriam assistir o ensaio (figurinista e cenógrafo).
Pés paralelos, quadril encaixado, cabeça querendo subir, tudo encaixado, desenrola (é sempre um bom começo para mim).
Por um engano quase fizemos cem abdominais com a perna esticada. Já pensou, Dinha?

Apresentamos as três coreografias: estamos ralentando todas. O Mateus quase se jogou da janela quando começamos a cantar o Hino. Depois nos ajustamos e repassamos as três (João, Hino e Repente).

Dividimos as vozes do ratata (isso ficou muito bonito!)

E estruturamos a primeira cena do baião.

Terminamos nos movimentando como na cena dos ratos, mas cantando ratata. Foi bom.

Tuti.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

encontro 9 - (tatiana bevilacqua, 30 de janeiro, quinta)

(re)passar
(re)experimentar
(re)lembrar
lapidar

trabalhar
trabalhar sem medo
e sem cansar?

vai, outra vez. 

diz que quando trabalha
o tempo
é  nosso amigo.



como usualmente fazemos, aquecemos primeiramente a voz, sendo guiadxs por Mateus. Depois, com Nara, alongamos e aquecemos o corpo.

o ensaio foi direcionado principalmente para o trabalho sobre o "Repente". alem da definicão de novas marcas, foi feito trabalho de lapidacão do que foi construído no ensaio anterior.

a repeticão e tentativa de execucoes cada vez mais precisas tem sido uma preocupacao da direcão. por isso em todos os nossos encontros repassamos sempre as cenas que já estão marcadas. ontem não foi diferente. assim, alem de nos dedicarmos ao "Repente", trabalhamos para aprimorar o "Hino" e o "João do Andaime".



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

encontro 8 (ou 7/2 porque eu sou desorganizado!) - (roberto dagô, 28 de janeiro, terça)

Semana do meu aniversário.
Semana do meu aniversário.

Faz anos que a semana do meu aniversário é um paradigma que se resume a "BRASÍLIA".
Durante todo o mês de janeiro, não se sabe se faz chuva ou se faz sol em BSB.
Ir para o Parque da Cidade, piquenique nas entrequadras, vinho num gramado... não importa... "Será que chove?"

Na semana do meu aniversário.
Minha vida parece mesmo um avião enterrado na terra seca e linda, no vermelho vivo-morto-torto. Eu mesmo me sinto o silêncio da Residencial, a histeria das pequenas bagunças aqui e a ali. Mesmo dentro de mim, não se sabe se faz chuva ou se faz sol.

Tudo isso dito pra dizer sobre algo que ainda não havia dito: deveria ter postado meu diário de bordo do encontro do dia 28 de janeiro e não o fiz... Completamente mergulhado na turbulência do plano-piloto que insiste em se suspender no ar de mim.

Então aqui está. Um relato sincero do encontro 7/2 (entre as postagens do "encontro 7" e do "encontro 8").
Acumulamos, agora, três cenas estruturadas, o Repente, o João-do-Andaime e o Hino. Nosso desafio agora é tornar íntegra nossa presença, pra além da voz que canta, pra além do corpo que se movimenta... Uma presença que justifique todos estes elementos em sentimento, compreensão, humanidade.

Isto tudo deve ser articulado na cumplicidade entre cada intérprete. Na sensação, tanto de pertencimento ao coletivo, para tornar-se um só, quanto na construção da individuação, que permite olhar para o outro em cena e criar textos que extrapolem a camada bidimensional do coletivo chapado, contribuindo para o alargamento da cena.

Como falar de gente tão gente se o que é mais humano em nós, aquilo que só pertence a nós mesmos, é suprimido na cena?
Qual o momento de potencializar esta projeção pessoal do intérprete?

Rendemos muito neste ensaio, produzindo praticamente do zero toda a cena do Repente. Mesmo assim, braços doloridos, musculatura cansada, ainda está todo o caminho mais importante a se percorrer: sentir o que se canta, possuir com verdade a fala destes candangos, abrir as janelas dos olhos ao máximo para que a atuação seja uma desencadeamento inevitável desta verdade.

Estamos na correria!!!!
Meu aniversário chegou e passou, quero voltar à correria em mim também. Estou buscando ser um pouco mais Rodoviária, menos L2 na madrugada.

Semana do meu aniversário.
Semana do meu aniversário.

Acumular anos não é fácil...
Não é, Brasília?



_por roberto dagô

Grande Circular


No Museu da República, teatro e um namorado e meio.
Pela Funarte, uma primeira paixão.
Na W3 sul, um porre e um prêmio.
Na Asa norte, o Norte da minha vida.
Ao lado do Careca, uma casa.
Ao lado do Sebinho, uma casa.
406 norte.

No Jardim Botânico, uma cama.
No estacionamento da Concha, outra cama.
Na 508 sul, corpo e voz, um sentido.
Na 408 sul, uma amiga e um porto.
Na 703 sul, uma história sem fim e mais amigos demais.
No Lago Norte, eu, nu.
Em Sobradinho, você, nu.
No Espacinho, no Renato Russo, na UnB, a gente tentando.
No Conic, caras sem rostos nem gostos.
No gramado, cigarro.
No gramado, gummy.
No Piauí, no Por do Sol, no Mendes, no Meu Bar, no Bar da Val.
Na Concha Acústica, Gotan sob a lua.
Na Landscape, eu, resistindo.
No Parque, eu, terminando.


Um Grande Circular me passando pela memória.

_por roberto dagô

brasília inconcreta


_por roberto dagô