quinta-feira, 17 de abril de 2014

encontro 40 - (marcinha, 17 de abril, quinta)



chegando na curva da reta final, se é que o fim existe despois do começo.
me lembro de quando eu assisti o espetáculo “de carne, osso e concreto” em 2007 na primeira versão. me lembro de ser tocada profundamente em conhecer brasília numa vivencia teatral, eu que não a conhecia fiquei surpresa com sua história. me lembro de ter falado depois de visto a peça que um dia ainda iria fazer aquela peça, eis que aqui estou. destino ou não, hoje me sinto mais brasília por morar aqui e fazer parte dessa peça.
desde 2007 pra cá minha percepção da cidade se modificou, antes eu era uma menina que saia de uma satélite em busca de sonhos que não me representam mais. hoje minha percepção da cidade vai além dos seus monumentos. minha cidade é branca, mas tem terra vermelha querendo cobrir sua assepsia.
depois de quatro meses de ensaios, repetições e de apropriações o trabalho ganha forma, e nessa arquitetura de corpos e movimentos colocamos nossa impressão, nossos sonhos, nossas vozes, nosso suor, nossa presença. de carne, osso e concreto é um espetáculo de presença, que cada instante é preciso estar atento para marcações. mas também é respiro, é dança, é encontro de baixo bloco. é sorriso quando olho pra tuti na marcha do hino de brasília. que bom poder subverter a retidão de brasília  por meio da arte.



sábado, 10 de março de 2012
no dia do despejo trabalhei no meu cotidiano repetitivo, funcional. enquanto tudo era retirado as pressas eu estava longe, bem longe, parada, estancada, sem fazer ideia. e tudo era jogado, espalhado onde dava, onde ainda cabia as tralhas que a gente acumula durante uma vida severina. e no fim do dia na volta pra casa, enrolado com o vento e a noite que escondia umas poucas estrelas, senti um vazio ainda mais agudo, ainda mais estridente. um vazio indigente.
eu estou cansada de bater ponto como a menina burguesa de classe média de carne osso e concreto. porque essa pobre de classe baixa, que sempre estudou em colégios públicos, passou na faculdade, nunca quis entrar para o serviço público de merda está cansada.
e toda razão é quebrada com a dura realidade, crua e nua a sua frente... veio aquele choro estancado a anos no corpo. o olho estranhou, estremeceu com a lágrima que não veio a meses...
vi todos os meus livros jogados... eu queria ressuscitar Jota Cristo e cobrar a promessa não cumprida... Brasília nunca meu coube...

hoje acordei com esses fleches de luz, seguindo um caminho ainda desconhecido. uma luz no fim no cu do mundo.

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