quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

encontro 15 - (eli, 13 de fevereiro, quinta)

Significar e Ressignificar







Eu sinto uma necessidade absurda de dar significados as coisas que me rodeiam. Um abraço que durou um segundo a menos, um sorriso com um olhar vindo debaixo, um afago amigo, uma nova conversa, uma construção de um edifício, um local em uma cidade, um andar, uma acelerada de carro, as luzes de um shopping, uma roupa de trabalho, um beijo no rosto, uma abordagem, um aperto de mão, distribuição de móveis em uma casa... tudo possui um significado particular, único e circunstancial.  A beleza do tempo é que cada coisa a partir de uma referência ou circunstância pode tomar outro significado e assim inimigos se tornam amigos, desconhecidos se tornam amantes e fantasmas do passado se tornam presentes.


Kazuo Okubo ressignificando o Lago Paranoá

O processo chegou em um momento em que significados são necessários. Já computamos 20 minutos de espetáculo, totalizando 7 cenas erguidas, mas ao mesmo tempo nos encontramos em um local nebuloso de intenções. Essa peça possui uma linha dorsal muito delicada, onde se cada vértebra não for alinhada de forma adequada, a coluna quebra. Claro que cada vértebra vai possuir um tamanho diferente, mas a coluna precisa desse alinhamento para que o espetáculo sobreviva em pé. Trabalhamos muito sobre formas e formatos e é nesse momento que agora falamos sobre o que impulsiona a forma. O que nos faz marchar em um hino, ou desbravar um capim alto, ou chegar em um lugar novo cheio de possibilidades?  O que nos move, para que a forma se tome?

       
                                       
"Na inconstância da forma das águas, os corpos se formam em calma e balance."

Acho que finalizamos o ensaio conseguindo enxergar melhor os fios condutores que estabelecem as formas do coletivo. Desde o homem que chega cheio de esperança para erguer uma cidade, ao desbravamento do solo vazio, ao militar que vibra a inauguração da cidade, aos Joãos que caem diariamente de andaimes para construir o sonho da cidade, aos conterrâneos velhos de guerra que levantam de seus covais. E mesmo concebendo pequenos guias em nossas cabeças, sabemos que amanhã é um novo dia e milhares de novos significados surgirão em cada detalhe.





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