foto por Welder Rodrigues
Ensaios, ensaios,
ensaios, três dias na semana. Apenas três! Só de pensar nisso me dar um
desespero de capricorniana... tão poucos ensaios quando se precisa de mais
tempo para maturar as descobertas e adensar as experiências do processo. Mas nesse ínterim do tempo à gente se desapega
e acredita nas potências que cada um pode dedicar ao trabalho.
Nessa quinta-feira
passamos os vinte e poucos minutos do espetáculo até aqui levantado, alguns
desacertos que fazem parte, mas no geral eu tive uma sensação boa da passagem, principalmente
de uma concentração do coletivo.
Do início, “Não se
espante minha gente”, onde o coro de candangos abre as portas para mostrar uma
Brasília de alegria, mas também de tristezas, iniciamos a passagem, até chegar à
ditadura, onde o trator da opressão destrói(uiu) os que na base de muito suor construíram
essa cidade vermelha, de carne, osso e concreto.
O “Ra ta tá” a cada dia
ganha mais um degrau no acerto, se é que existe um acerto certo... Percebemos
que nos dias que estamos mais conectados (o grupo), as cenas acontecem. E essa
conexão dos atores é primordial, já que o espetáculo é feito de um coro, que
também como os candangos precisam empenhar muita energia pra erguer a
construção.
Depois de ensaiar já
com a perspectiva de intenção de uma apresentação, o ensaio pela primeira vez
foi mais focado no trabalho de texto. E foi precioso ver os textos, ainda que
precise de trabalho sobre eles. Cada texto com sua textura e símbolos,
metáforas, sensações e cores preenchido pelos atores foi ganhando vida... ver
um mesmo texto na boca de mais de um pessoa, trouxe uma diversidade de
possibilidades de atuação. É rico perceber que qualquer um que pegar um texto
para defender vai mostrar sua essência em cena. E é lindo perceber as
diferenças dos atores, cada um com seu trabalho potente para contribuir.
Alguns textos já estão
definidos, mais ainda faltam algumas escolhas para serem tomadas, e até a estreia
muitas aventuras poderão nos chegar, e que assim seja, um risco no abismo. Que
seja doce o processo, que seja feito com amor e com dedicação em cada instâneo
de compartilhamento.