segunda-feira, 31 de março de 2014

encontro 32 - (roberto dagô, 31 de março, segunda)


Extrema dificuldade no meu texto! Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!! Ainda o sinto como se eu mesmo fosse um ônibus, um Grande Circular, passando de parada em parada, estancado, travado... Com dificuldade de encontrar uma organicidade na história que ele conta, de uma simplicidade que não se harmoniza com a movimentação. Uma história leve e nostálgica, mas que traz cada vez mais um peso, uma amargura uma violência que se excedem em tom, em coloração. As mãos presas, a força necessária para libertar os braços e voar de verdade, o drama do corpo que escorre até o chão, personificando este outro que não é mais leve, é pesado, é sofrido... claro, como todo a mor tem a potência em si de ser... Mas ainda me sinto este ônibus lotado que não sai do lugar... É uma grande responsabilidade trazer tanta memória no que se diz em teatro! Me sinto privilegiado dentro do processo por essa oportunidade, mas está pesando sobre mim uma responsabilidade infinita de dizer bem aquilo que tenho que dizer, e de levantar com dignidade e maturidade as bandeiras que a cena levanta!
Apresentaremos pra escolas e pra adolescentes e sei da importância de se levar temas homoafetivos pra este tipo de público. Sei que não será fácil, mas desejo profundamente que o resultado de cada apresentação seja respeito e identificação com a história que vou contar!

"Este Grande Circular não pára de dar voltas na minha memória"

quinta-feira, 27 de março de 2014

encontro 31 - (rafa, 27 de março, quinta)

Dias puxados.
Viemos passando por diversas espécies de provação nos últimos encontros e isso tem refletido diretamente no trabalho. Desde as dificuldade próprias do ofício até as mais inesperadas, como a lesão da Eli que automaticamente a deixou afastada da parte física do espetáculo.
Os (re)arranjos escolhidos foram:
- A Roberta se propôs a substituir a presença física da Eli no palco;
- Eli estará junto mas contribuindo basicamente com a parte musical do espetáculo.
Estamos também cuidando de passar ao Diogo o corpo do espetáculo para que ele possa marcar a parte percussiva que nos acompanhará durante toda a execução de peça.
Hoje, sofremos com uma grande baixa durante o ensaio. A Claudinha do Cena nos deixou de surpresa e fez sua passagem. Isso fez com que muitas pessoas não fossem ao ensaio, por motivos óbvios. Outros ainda estavam mal de saúde e não puderam comparecer. A energia dos dias realmente não está das mais leves e tranquilas de se lidar. Parece que o universo tem nos pedido mais delicadeza e serenidade ao lidar com o próximo. Isso certamente fará com que as coisas fiquem mais suaves, prazerosas, com mais qualidade e melhor degustadas. Indigestão é algo desagradável.
Éramos aproximadamente seis pessoas e fizemos um ensaio leve e bastante produtivo. Foi possível passar todo o espetáculo levantado até o momentos e atender às demandas de aprendizado da Roberta e do Diogo. Ao final, investigamos mais livremente a caminhada cabisbaixa que faremos em diagonal durante "O homem que contava os passos..."
Tenho sentindo falta do espaço de diálogo pós ensaios e da abertura para ouvir o outro por mais que sua opinião não tenha qualquer convergência com a de quem escuta.
Pé no chão, coerência de discurso, serenidade na cabeça e coração leve pra seguir adiante! Exercitemos! Tenhamos real diálogo!

terça-feira, 25 de março de 2014

encontro 30 - (pedro, 25 de março, terça)

Fizemos um alongamento e aquecimento corporal e oral coletivamente com Nara e Julia. Em seguida iniciamos a feitura da coreografia do Homem que contava os passos.
Dagô sai do encontro com Vini, todxs estão sentadxs ao lado de seus respectivos cubos. à medida que a música começa (Eu e Tati cantamos) xs outrxs vão caminhando em uma diagonal, 5 passos pra trás e 5 pra frente, ao fim da letra da música, os passos diminuem 3 pra trás e 3 pra frente. Treinamos os passos fora da diagonal, pra tentar acerta-los com o violão e depois repasamos a musica+coreografia.

segunda-feira, 24 de março de 2014

encontro 29 - (marcia regina, 24 de março, segunda)

Falta tão pouco para chegar o dia de encontrar com o público, que agora as escolhas são mais assertivas. Infelizmente, não temos mais aquele tempo precioso dos devaneios que tanto acrescentam no processo. Agora é hora de afinar os detalhes finais do trabalho, que até agora tem uns 45 minutos de espetáculo construído, porém, falta trabalhar o final do espetáculo. Esse momento derradeiro dos detalhes está sendo extremamente importante para que o trabalho esteja coeso com aquilo que ele se propôs.

Um episódio triste no percurso essa semana fez a direção tomar outros rumos. A Eli Moura, uma das integrantes do elenco, fraturou o pé durante a passagem do espetáculo, o que acarretou a diretora inserir a Roberta Melo, assistência de direção, no lugar da Eli a um mês da estréia. Desde segunda-feira estamos dedicando os ensaios para inserir a Roberta, e também, para finalizar as marcações de coreografia e músicas.


Nessa reta final estamos passando o espetáculo todos os dias nos ensaios, tentado afinar e se apropriar ainda mais do trabalho, procurando repetir não no sentindo de fixação do passado, mas repetir como possibilidade de apropriar e somar com o novo que possa surgir durante experimentação.   

Sigamos o rio. 

quinta-feira, 20 de março de 2014

encontro 28 - (lele, 20 de março, quinta)

                

Foto: estrela de Laban.

Optei por utilizar a famosa estrela labaniana para exemplificar o que tem sido nossos ensaios.
A cada passada que realizamos do espetáculo, as dificuldades aumentam, não pela falta de atenção, mas pelo próprio ofício do artista de aprofundar-se nessa poética, e dela extrair aquilo que tem de mais necessário e fundamental para a cena. O trabalho de colagem, da dramaturgia não linear exige do criador as suas conexões pessoais, caso contrário, cai num mero reprodutor de cenas, sem conexão, sem entrega e sem afetos. Afetar é afetar-se também. Com o passar dos ensaios as exigências agora tornam-se intenções minuciosas, não de um, mas de todos, separados, juntos, individuais e coletivos.
1) Relacionamento: Como trabalhar essa dramaturgia, relacionando-a com o presente, com esses corpos e intenções?
2) Corpo: Que corpo é esse que utilizo em cena?
3) Ação: Como transformar essa dramaturgia, esse texto performático em ato cênico?
4) Espaço: Como criar esse espaço fictício e verossímil?
5) Dinâmica: Como costurar uma história sem começo, meio e fim?

                                  
continuemos
em
p  r  o  c  e  s  s  o...

terça-feira, 18 de março de 2014

encontro 27 - (jessica, 18 de março, terça)

Segundo dia no novo espaço de ensaio do Cruzeiro.

Primeiro dia com os blocos brancos do cenário. E surpresa: grandes, médios, pequenos. Eu jurava que seria tudo de um tamanho só.

O clima frio tem sido um inimigo para o entusiasmo com o trabalho prático na cerâmica gelada do espaço. E momentos antes no recolhimento do carro, encarando o trânsito com gotículas escorrendo pelas janelas e as luzes dos outros veículos apressados para chegarem em casa... "Horário apertado, disputa de carros nas pistas..." Lembro de ter chegado e me posicionado para o alongamento ao redor dos blocos - assim eles me protegeriam da friaca e me dariam algum aconchego.

Agasalho. Agasalho. Agasalho. Não deveria esquecer disto, mas eu acabo abusando dos shortinhos confortáveis. Bah! Pelo menos eu lembrei e vim de tênis como a Dinha pediu, yupi! :)

Hoje a noite acabou sendo muito focada na cena do Grande Circular do Roberto e do Vinícius. Fiquei feliz de participar mais ativamente dela logo no início pela necessidade de cruzar o espaço para encontrar com a Marcia Regina. Som do grande circular: olho para o Vini. Levanto. "(...) Museu da República": ando em direção ao Vini. "(...) só pra me impressionar": olho para a Marcia e corro em direção a ela. O simples ganhando mais uma vez na resolução de um problema que tínhamos.

Ao final, uma tentativa mais rapidinha pelo pouco tempo de fazermos a movimentação em diagonal referente a música do Pedro e da Tati que, by the way, é linda. Lembro do dia que eu, Roberto e Marcia ficamos aqui decorando-a na sala durante a tarde. Gostosíssima de cantar, de sentir. Considero que a cena conquistou um clima muito bom com o movimento coletivo de passadas lentas que vão e voltam. O importante é se concentrar e entrar no fluxo porque quando dá certo, é lindo, mas quando não acontece... desastroso de triste. A palavra-chave é estar, de fato, no presente. Não tenho que adivinhar para onde o colega vai, o quanto vai, como vai... Só tenho que olhar, olhar, olhar, olhar e espelhar. Acalmar a ansiedade - inimiga mór desta vidinha que vos escreve.

E vaaaamo que vaaaaamo!

=)

segunda-feira, 17 de março de 2014

encontro 26 - (daniela, 17 de março, segunda)

Novo Espaço.

Agora estamos no Cruzeiro Velho.
Ao lado da Capoeira, do Samba, da Biblioteca.
Casas, muitas casas. Outra Brasília. 
Essa Brasília que é Distrito Federal.

Hoje veio o Marcelo.
Nossa luz. Passamos a peça até agora.
Profecia, Baião, Rafa, Repente,
Hino, Tati, João, Cruzes, Eli,
Ratata, Saudades da Tuti,
Mais Ratata, Fecha quadrado,
Abre a roda, a infância,
Oxi
Carai
Vei
Eli, de novo. 
Mas dessa vez, chove lá fora e aqui dentro....
O tempo....
................está....
..................passando.

Mas tá tudo bem, o Mateus canta, a Julia canta, nós cantamos.

quinta-feira, 13 de março de 2014

encontro 25 - (amanda, 13 de março, quinta)

Cenas novas!
É bom sentir que estamos caminhando e que as dificuldades dos primeiros momentos estão sendo superadas. Os desafios antigos continuam mas o corpo já se atenta mais e as emoções são tecidas com mais cuidado.
Hoje fizemos uma passagem até o ponto onde já temos. A Adriana nos propôs uma composição junto ao texto da Eli, com uma grande papelada e ofícios que são abandonados de nossas malas pouco a pouco até que o chão é inundado pela frieza dos papéis.
A nova movimentação remete a um funcionalismo pragmático que desumaniza o corpo e nos mantém como engrenagens de uma grande máquina. Junto a isso, agregamos a nova versão musical de 'O Tempo Tá Passando' criada pela Júlia Ferrari, imbuída de várias texturas e camadas sonoras, com ritmos maquinais e desenhos melódicos.
Foi um ensaio sem pausas, que nos exigiu muita concentração, muitas repetições e justaposições de ações.
Mas no fim, saímos com a sensação de que o início de uma nova missão havia sido cumprida!

terça-feira, 11 de março de 2014

encontro 24 - (vinícius, 11 de março, terça)

Hoje um martelo não para de bater na minha cabeça, principalmente após um ensaio importante de discussão no meio do processo criativo:  o espaço público urbano e seus desafios contemporâneos. Na cidade de carne, osso, concreto e azulejos, o que queremos em suas projeções? A cidade se rende a impetuosidade metrópole, se inclina para o caos no transito, se esforça para superar as crises da densidade demográfica, encontra o desafio de se manter patrimônio histórico. A capital da esperança ameaça se deitar, se projeta para o futuro e se apega a um insólito passado.

É por isso que em Brasília não há onde esbarrar. Os brasiliários vestiam-se de ouro branco. A raça se extinguiu porque nasciam poucos filhos. Quanto mais belos os brasiliários, mais cegos e mais puros e mais faiscantes, e menos filhos. Não havia em nome de que morrer. Milênios depois foi descoberta por um bando de foragidos que em nenhum outro lugar seriam recebidos; eles nada tinham a perder. Ali acenderam fogo, armaram tendas, pouco a pouco escavando as areias que soterravam a cidade. Esses eram homens e mulheres menores e morenos, de olhos esquivos e inquietos, e que, por serem fugitivos e desesperados, tinham em nome de que viver e morrer. Eles habitaram as casas em ruínas, multiplicaram-se, constituindo uma raça humana muito contemplativa.
                                                                                                                                                                               Clarice Lispector

segunda-feira, 10 de março de 2014

encontro 23 - (tuti, 10 de março, segunda)

O PROCESSO

                                 CARNE
                                 OSSO
                                 CONCRETO




É realmente

CONCRETO

duro?



Temos um trabalho quase militar de coro. Sobretudo na primeira parte do espetáculo. O que é um aprendizado sem fim, uma vez que não estou muito acostumada com esse tipo de treinamento. Sinto alegria em poder percorrer outros caminhos.

Mas não posso esconder a minha felicidade quando nos voltamos para o texto e miudezas. Gosto muito quando o ensaio toma um rumo diferente do que costuma ser. Gosto dos improvisos e imprevistos bem aproveitados!

 


quinta-feira, 6 de março de 2014

encontro 22 - (tatiana, 06 de março, quinta)


Hoje nosso encontro se direcionou para o trabalho sobre textos que estão sendo inseridos na dramaturgia do espetáculo, bem como sobre a criação de arranjos de vozes para duas músicas: "Pétalas aflitas" e "O homem que passa".

Continuamos com o costume de sempre repassar tudo o que temos, para não perdermos o que já foi construído. Mas a criação de novos materiais também se faz imprescindível, obviamente. Assim, o ensaio de hoje correu mais na direção da criação que de lapidação de cena.

As duas canções trabalhadas hoje não serão cantadas por todo o elenco, como a maioria da parte inicial do espetáculo. Desta forma foi possível que Adriana Lodi direcionasse os trabalhos sobre os textos simultaneamente ao trabalho com a música, que foi guiado por Júlia Ferrari.

Caminhando nas ruas de Brasília é que absorvo a energia pra trabalhar. Me inspiro e daí transpiro.